segunda-feira, 14 de novembro de 2011

FOLHA INFORMATIVA Nº. 60


XI CONGRESSO NACIONAL DA AACDN - CONCLUSÕES



Portugal vive uma das mais profundas crises da sua História, e se é verdade que esta crise está longe de se circunscrever aos aspectos económicos e financeiros, também não é menos verdade que, são estes aspectos que, assumem particular acuidade.

Crise sistémica, de dimensão global, com raízes numa globalização desregulada e no predomínio dos interesses financeiros sobre a economia, desrespeito por elementares princípios éticos e morais, traduzindo-se, essencialmente, em baixa propensão ao investimento, fraco dinamismo da produção, crescentes desigualdades na distribuição da riqueza, desemprego e maior pobreza,

Entre nós, graves reduções feitas nas remunerações e nas pensões de larga franja da população portuguesa, a par do significativo aumento da carga fiscal, elevada taxa de desemprego e um quadro fortemente recessivo, parece-me serem motivos mais que suficientes para abalarem seriamente o nosso entusiasmo, a nossa alegria e, o que é mais grave, a nossa esperança num futuro próximo.

E porque me parece que é importante e também urgente implementar as condições que nos permitam o regresso à auto-estima, à confiança no futuro e ao estímulo no trabalho produtivo, num quadro solidário e de coesão social, o tema escolhido é como que o toque do clarim que, neste momento particularmente difícil, convoca todos os Auditores de Defesa Nacional a darem o seu contributo para que Portugal, orgulhoso do seu passado, da sua História, tenha a audácia, o golpe de asa, para criar as condições objectivas para voltar a sentir-se orgulhoso do seu presente e confiante no seu futuro.

Cientes de que sem riqueza produzida não pode haver distribuição satisfatória, todos temos que trabalhar mais e melhor, todos temos que ser mais empreendedores, mais inovadores e mais competitivos, valorizando a Marca Portugal.

Permitam-me que cite o Senhor Presidente da República quando na sua mensagem que nos enviou salientava que:
“A necessidade de crescimento económico é um imperativo nacional”.
A que eu acrescentaria que, para cumprimento deste imperativo, a Defesa da Marca Portugal é um desígnio nacional.

Como é timbre da AACDN, fizemos uma discussão franca e aberta, liberta de peias políticas, ideológicas ou de qualquer outra natureza, apenas e tão só animados pelo superior interesse de servir Portugal, no respeito pelos princípios e valores éticos, morais e de cidadania que nos regem e que buscam o seu fundamento nas normas estatutárias que a alicerçam a nossa Associação.
É que, tal como dizia na sessão inaugural o Senhor Secretário de Estado da Defesa, defender a Marca Portugal é também defender a soberania nacional.

No decurso do nosso XI Congresso, a Defesa da Marca Portugal foi discutida e analisada quer na Conferência Inaugural, e aqui saúdo o Prof. Adelino Maltez pela excelência da sua lição, quer nas 14 comunicações subsequentes que, de forma muito variada, mas tendo sempre como denominador comum a elevadíssima qualidade, enquadraram os temas e subtemas que constavam de tão vasto programa.
E, tal como previsível, a Marca Portugal, mais do que analisada e discutida foi defendida, podendo, em síntese, por mais relevante e mantendo a sequência das comunicações apresentadas, extrair as seguintes conclusões:

- No mundo globalizado em que vivemos, a identidade dos países, a sua Marca, no quadro da atitude comportamental do seu Povo e da sua actuação política, social, económica, cultural e ambiental, assume cada vez mais relevância.

- Serão as empresas e as pessoas que, por investirem no conhecimento, vão estar mais aptas a criar soluções diferentes e inovadoras, que melhor integrarão as expectativas dos consumidores e que, por via disso, serão mais competitivas e terão êxito.

- O facto de Portugal ser um país com escassos recursos energéticos, num cenário internacional de grande turbulência, a energia é uma questão central, nesta relevando a importância do recurso às energias alternativas, as quais além de potenciarem a produção e exportação de soluções com elevado valor acrescentado, reduzem a nossa dependência energética e reduzem as emissões de gases com efeito de estufa.

- Na afirmação da Marca Portugal é também exigível a mudança de atitude, de paradigma, apostar no desenvolvimento de projectos inovadores, com elevado perfil diferenciador, produção de novos bens, serviços e processos que suportem a sua progressão na cadeia de valor, estimulando o empreendedorismo qualificado e o investimento estruturante em novas áreas com potencial crescimento.

- No quadro de uma estratégia de internacionalização dos negócios, assegurando a convergência real de Portugal com os padrões dos nossos parceiros comunitários, salienta-se a também a importância da cooperação empresarial enquanto meio de reforço da competitividade, em especial, das PME’s.

- Reconhecemos que é necessária e urgente uma profunda mudança de paradigma da economia nacional, mas também europeia e mundial, assente em princípios de maior solidez ética, moral e também solidária.

- É necessário desenvolver projectos que assumam natureza estratégica e tenham como objectivo aglutinar diversas capacidades complementares, com vista à criação de novos produtos, processos e sistemas com alto conteúdo de inovação tecnológica, com efeitos mobilizadores no tecido económico, geradores de riqueza, de criação de postos de trabalho e com impactes significativos a nível multisectorial,

- Assumir como desafio estratégico uma economia desenvolvida, coesa e justa, assente na inovação, no empreendedorismo e na valorização do capital humano, natural e cultural.

- Valorizar na gestão das organizações, públicas e privadas a importância estratégica da informação, ajudando os decisores, a anteciparem-se às tendências dos mercados, a detectarem e avaliarem ameaças e oportunidades que se apresentem no seu ambiente de negócio e a definirem as acções ofensivas e defensivas mais adequadas às estratégias de desenvolvimento das suas organizações, sem perder de vista o contexto global do país.

- Portugal é, reconhecidamente, um destino turístico. Todavia, isso não invalida a necessidade e interesse em se insistir na promoção do turismo português, não apenas como o país do sol e mar, folclore e turismo de massas, mas também e, essencialmente, como um destino sofisticado, diferenciado pela cultura, património arquitectónico e paisagístico, pelos campos de golf, pelos desportos náuticos, pelos resorts de luxo, pelos hotéis de charme e pousadas, pelo turismo em espaço rural, etc.

- Importa apostar na inovação da gestão das empresas turísticas, na sua qualificação e na melhoria e eficácia do relacionamento destas com as entidades do poder central, regional e local, analisando-se também o interesse e a oportunidade de fusão de algumas destas entidades, com a consequente economia de recursos, de procedimentos, de tempo e de energias.

- A complexidade e importância do turismo justificam a criação de parcerias, bem como o fomento da colaboração entre os diversos intervenientes.

- Exige-se igualmente a reorganização e a requalificação da oferta turística.

- Como forma de incentivar o desenvolvimento da Marca Portugal, deve promover-se a divulgação do que de bom se faz em Portugal, sendo certo que temos muitos, variados e excelentes exemplos.

- Salienta-se também o interesse da criação de infra-estruturas de carácter nacional, tomando como exemplo o Porto de Sines que, tal como vimos nos indicadores do desempenho que nos foram apresentados, além de apresentar resultados positivos e constituição de provisões confortáveis, não obstante o “centro do mundo” se ter deslocado para a Ásia, passou de simples terminal de combustíveis nos anos 70 para um porto de referência à dimensão europeia, em dimensão e capacidade, designadamente, no que se refere aos granéis sólidos e carga geral, com excelentes condições para receber os maiores navios do mundo.

- O aumento da esperança média de vida, a par da preocupação social com a prevenção, a saúde e o bem estar são igualmente factores a considerar na oferta turística e Portugal possui, também nesta área, um roteiro turístico de excepção, salientando-se a excelência dos recursos hídricos e termais, a par da apreciável riqueza patrimonial, paisagística, gastronómica e cultural, prorcionando uma oferta turística com itinerários e conteúdos temáticos diversificados e de grande qualidade.

- Importa, contudo, que sejam criados parques temâticos e que sejam seleccionados produtos âncora.

- Importa, igualmente, que se preste atenção às tendências e expectativas dos turistas e se aposte na comunicação e na distribuição, como condição determinante da venda do produto.

- É, ainda, necessário proceder a uma correcta gestão dos recursos humanos, tanto ao nível da contratação, das qualificações, da formação, mas também da remuneração.

- Sendo a CPLP um foro privilegiado para o aprofundamento das relações entre os seus Estados-Membros, devem aproveitar-se os seus profundos laços históricos, culturais e linguísticos para projectar dentro desse espaço de cooperação entre iguais, mas também no plano externo, a coordenação de actividades das instituições públicas e de entidades privadas empenhadas no incremento da cooperação, numa adequada diplomacia económica, através de acções de parceria e de criação das condições para a circulação de informação sobre o ambiente de negócios e oportunidades de investimento privado, sendo, consequentemente, uma plataforma de grande interesse para a divulgação da Marca Portugal.

- Sendo a segurança um elemento determinante na escolha dos destinos turísticos, em cuja análise são considerados, designadamente, os índices de criminalidade, o risco de ocorrência de desastres naturais e climáticos ou atentados terroristas, importa privilegiar, como ponto forte da nossa oferta turística, o facto de Portugal ser um destino seguro.

- Todavia, tanto ao nível do nosso ordenamento jurídico, como no plano dos procedimentos de segurança, é necessário que sejam introduzidas as alterações que continuem a garantir a imagem de Portugal como destino turístico seguro.

- A razão de ser desta exigência, radica no facto de sem segurança não haver turismo.

- Para finalizar diria que, olhando o mundo, queremos afirmar Portugal como um país da Europa, mas virado para o mundo, com um povo criativo, receptivo a novas soluções, aberto à diferença, à inovação e à comunicação com outros povos.
Olhando Portugal, queremos acabar com o conformismo, promover a confiança para que os portugueses invistam em si próprios e empreendam, que invistam no conhecimento, na inovação de produto, que desenvolvam as suas capacidades de liderança e de inovação e que, tal como fizemos noutros tempos, sejam capazes de sonhar paras lá do que já existe.

- É necessário mudar a atitude de conformismo para uma alegria de ser, uma vontade de construir, sem medo de errar, estimulando a nossa capacidade colectiva de sonhar, de intuir e de criar.

- Que cada um de nós, ao seu nível de intervenção, não regatei esforços para que a Marca Portugal seja motivo de orgulho para todos os portugueses.

- Finalmente, dizer também e ainda em jeito de conclusão, que a semente em boa hora lançada pelo Instituto de Defesa Nacional encontrou terra fértil, continua a germinar e é por isso que os Auditores de Defesa Nacional aqui reunidos em Assembleia Magna vêm afirmar ao País que continuam a trilhar os Caminhos da Nação.

José Monteiro



Presidente do Conselho Fiscal

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

FOLHA INFORMATIVA Nº. 59



SEMINÁRIO "OS MILITARES NA SOCIEDADE"
Realizou‐se nos passados dias 13 e 14 de Outubro, nas instalações do
IASFA, em Oeiras, o Seminário “Os Militares na Sociedade”, por iniciativa
da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA).
Abriu o seminário o Prof. Doutor Adriano Moreira, que falou sobre a importância
política e diplomática das Forças Armadas no mundo, salientando o
papel importantíssimo da sua contribuição para a política externa de
Portugal.
O deputado Dr. Guilherme Silva e o Almirante Melo Gomes, ex‐CEMA, abordaram,
respectivamente, a dimensão humana das Forças Armadas e o
papel da Marinha no ambiente operacional.
Para concluir o primeiro dia, o General Ferreira da Cunha e o jornalista
Carlos Santos Pereira dissertaram sobre o papel das Forças Armadas nas
operações de paz, matéria de que têm larga experiência presencial.
No segundo dia registaram‐se diversas intervenções sobre a presença
militar de Portugal na CPLP, a participação nas missões de interesse
público e o apoio ao bem‐estar das populações.
Finalmente o deputado Dr. Basílio Horta, discorreu sobre a dimensão
económica das Forças Armadas, numa intervenção que suscitou animado
debate.
À noite realizou‐se o jantar de aniversário da AOFA, na Messe de Oficiais
de Monsanto.
A AACDN foi representada pelo Presidente da Mesa da Assembleia
Geral.