Integrada nos Sábados Culturais da AACDN, realizou-se no passado dia 19 de Março, uma visita ao Centro de Investigação Champalimaud, em Belém.
Acompanhou-nos nesta visita, a Dra. Maria João Villas Boas, que nos orientou pela entrada principal do edifício, que dá acesso a um jardim tropical de grandes dimensões, coberto por uma pérgula, onde podemos observar as mais variadas espécies, oriundas dos quatro cantos do mundo e ouvir as primeiras referências ao arquitecto Charles Correa, que idealizou este magnifico espaço, num claro tributo a Portugal.
A magnificência do jardim, a transparência e a luz, faziam-nos antever uma extraordinária obra de arquitectura.
Admirando a coragem de Vasco da Gama e dos navegadores portugueses “…em avançar por aquele braço de mar, dobrar o cabo e mergulhar no oceano desconhecido que se estendia á sua frente…” este arquitecto indiano, de origem goesa, desenhou três volumes de edificação com uma área comum.
A este majestoso projecto de arquitectura, associou-se um vasto grupo de consultores especializados, que interpretaram magistralmente as exigências de médicos, investigadores e pacientes.
O Centro constituído por dois edifícios dispostos de forma a promover um espaço a céu aberto, concretiza o objectivo da Fundação de promover a investigação científica multidisciplinar e de referência no campo da biomedecina.
Assente num modelo de investigação translacional, que permite a ligação entre a investigação básica e a investigação clínica e traduz as descobertas científicas em melhoria na prestação de cuidados de saúde e na adopção de melhores praticas ao serviço da comunidade, em duas áreas de acção: Neurociências e Oncologia.
Percorremos o edifício A, com os dois pisos dedicados aos centros de diagnóstico e de tratamento (Imagiologia, Medicina Nuclear, Oncologia Clínica, Radioterapia) e aos laboratórios de investigação.
Os laboratórios e os gabinetes abrem-se para o jardim tropical, de molde a facilitar a interacção entre profissionais e pacientes e absorvem os vários elementos, ar, água, céu e floresta tropical, usados como terapias, num conceito de globalidade e harmonia ao serviço da investigação.
No piso 2 visitámos o Laboratório de Neurociências, que incorpora um conceito diferente e único no âmbito da investigação em Portugal, espaço direccionado para a articulação entre o investigador principal e o seu grupo de 15 investigadores agregados.
Este espaço construído de raiz, com uma esplêndida vista para o rio, confere-lhe uma localização privilegiada, muito especial para jovens investigadores e, esperamos nós, que muito motivadora …
De seguida, podemos observar o Open Lab, com capacidade para 200 profissionais, funcionando em turnos, 24/24 horas e que reflecte toda a modernidade, quer na tipologia de equipamentos muito sofisticados, ainda em fase de calibragem, quer nas cores vivas em oposição ao cinzento claro e às cores fluidas utilizadas nas salas de tratamento da Clínica de Ambulatório, dada a especial sensibilidade dos doentes oncológicos, que ali irão ocorrer.
Percorremos o edifico, ouvindo as explicações entusiasmadas da Dra. Maria João, e surpreendemo-nos, a cada passo, com conceitos como “intimidade entre quem investiga e o doente”, “empatia do paciente com o investigador”, “ciência com serenidade”, etc., etc.:
- Claramente um espaço pensado para pessoas com muito sofrimento.
Constatámos, ainda, que a Fundação se propõe disponibilizar recursos para combater as listas de espera de consultas e tratamentos de oncologia, através de celebração de protocolos com o Ministério da Saúde.
Permitimo-nos acrescentar uma breve nota para referenciar o C-TRACER –Champalimaud Translational Centre of Eye Research, numa parceria com o Instituto Prasad, na Índia, que antecipou o início da actividade da Fundação e que contribui para a prevenção e erradicação de doenças da visão nos países de Língua Portuguesa e Índia, numa homenagem ao fundador, António de Champalimaud.
A tudo isto acresce uma outra nota, dedicada à exposição itinerante designada por Champimóvel, que permitirá às crianças da Península Ibérica, uma experiencia única, no contacto com a ciência, através de uma excursão tridimensional e interactiva pelo corpo humano.
Foi-nos referenciado, também, que a Fundação conta, com personalidades de reconhecido prestígio e mérito científico, entre as quais se destacam no Conselho de Curadores, Fernando Henriques Cardoso, Simone Veil e António Damásio.
Ao atravessar a ponte em vidro, que liga o edifício A ao edifico B, constituído pelo auditório, área de exibições, administração e restaurante, não podemos deixar de nos surpreender mais uma vez, com a grandiosidade deste projecto minimalista em vidro e pedra de lioz.
A finalizar a visita, avistamos ao cimo da rampa, duas esculturas monolíticas de pedra, que consubstanciam os marcos entre o conhecido e o desconhecido e se perdem num espelho de água, que se funde com o rio e este com o oceano, o que nos permite, imaginariamente, partir á descoberta de um objecto misterioso …, a carapaça de uma tartaruga? uma medusa? uma ilha exótica?
Deixemos os Auditores descobrirem nas próximas visitas …
No anfiteatro ao ar livre e com pano de fundo o Tejo, agradecemos a magnífica visita, que nos proporcionaram.
À fundação Champalimaud e à sua presidente Dra. Leonor Beleza, nossa associada, por esta admirável obra arquitectónica, que muito prestigia a cidade de Lisboa e por este projecto de investigação, que nos orgulha, enquanto portugueses,
Obrigada!
Maria do Céu Madeira
Vice-presidente da AACDN