terça-feira, 15 de maio de 2012

FOLHA INFORMATIVA N.º 73


CONCLUSÕES DA CONFERÊNCIA AACDN-ADALEDE

No sábado, dia 5 de Maio, deu-se a sessão de trabalho conjunta AACDN-ADALEDE.

O tema proposto pela Delegação Regional Norte da AACDN – e aceite pela ADALEDE - para este primeiro encontro de trabalho foi: “Portugal e Espanha como plataformas europeias para (e da) África e América Latina”

O modelo de trabalho proposto era inovador para iniciativas da Delegação Regional do Norte da AACDN: uma espécie de mesa redonda entre os representantes da ADALEDE, os auditores da AACDN e, por decisão conjunta, alguns cidadãos não-auditores mas interessados nas temáticas que a todos nós devem preocupar, nomeadamente as relativas à da disseminação da cultura de segurança e defesa, e a urgente superação da situação em que nos encontramos.

A metodologia de trabalho mostrou-se muito efectiva tendo permitido uma discussão animada, com diferentes pontos de vista a serem defendidos, e a participação de todos os presentes, sem excepções. Foi possível estabelecer não só algumas conclusões como apontar alguns caminhos para as nossas associações e para a sua cooperação futura.

Aqui ficam as que foram aprovadas como Conclusões desta primeira sessão de trabalhos conjunta:

A crise que afecta os nossos países e, de algum modo, toda a Europa, é grave. Começou por ser financeira. Hoje é económica. Pode – e esse deve ser um eixo e uma preocupação importante em termos de segurança colectiva e defesa nacional – tornar-se em crise social profunda. Há indícios de que tal pode acontecer em breve, com o aumento continuado do desemprego e o fim dos apoios às pessoas e famílias atingidas.

Muito em especial, este desemprego atinge os jovens (quase 50% no caso Espanhol) correndo o risco de se criar uma geração sem horizontes e sem esperança.

Mas estas mudanças levam também a outras mudanças, como noções de regresso à maior importância da célula familiar (com muitos filhos, mesmo casados, a regressarem a casa dos pais), e de modelos de comércio e produção tradicionais. Pode ser o tempo de inverter uma linha que se vem verificando: o de saber o preço de tudo, mas o valor de muito poucas.

O papel das nossas associações, e de cada um dos auditores, é ajudar a construir caminhos. As conclusões deste pequeno debate apontam necessariamente para a cooperação e para o reforço nos eixos da nossa expansão tradicional – América Latina e África (mais focado na África do Norte no caso Espanhol, mais focado na área Subsahariana no caso Português) – como meio de poder construir tais caminhos. Um tempo de regresso às origens.

A promoção das boas relações com estes povos e Estados, as questões da (e) e da (i) migração destes e para estes países, a igualdade de tratamento em termos de cidadania mas também em termos comerciais, são uma parte crítica deste processo de (re)internacionalização. Questões como as da nacionalização da YPF (Repsol) ou das Pautas Aduaneiras completamente desequilibradas entre os diferentes países, mostram como estamos longe de traduzir em realidade a “amizade” declarada.

Cooperar é também pensar e agir em conjunto em vez de ceder à tentação de tudo tentar sozinho. E isto estende-se à urgência de cooperação a nível Europeu em detrimento da sensação de exploração mútua: as desigualdades gritantes, ou o empréstimo de uns Estados a outros a taxas “usurárias” não são sustentáveis.

Estados devem estar mais centrados na vida real. Menos distantes. Devem e precisam apoiar estruturas internas - sociais e empresariais.

Fica como exemplo a seguir o dado pelo Vice-Presidente da ADALEDE: querem chegar a cooperar com a sua congénere Francesa, mas querem fazê-lo em parceria com a AACDN. Ao mesmo tempo, este conceito de cooperação como prioridade, em linha com as tendências e boas práticas mais actuais, de trabalho em rede e de co-trabalho, abrem para as nossas associações um eixo de projectos futuros: a disseminação da cultura de defesa interna passa também por esta noção de que a cooperação é uma prioridade.

Ficou, por fim, decidido que a ADALEDE e a ACCDN deveriam dar exemplo. E por isso ficou decidido que ambas as Associações deveriam tentar transmitir aos respectivos Ministros dos Negócios Estrangeiros e da Economia, Comércio e Indústria e, eventualmente, da Defesa, estas conclusões. O objectivo é demonstrar que a sociedade civil, os técnicos, os militares, pensam, têm soluções e querem transmiti-las. E devem fazê-lo.


Luis Maia
Associado n.º 673/99

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