terça-feira, 15 de maio de 2012

FOLHA INFORMATIVA N.º 74

 
VISITA DA AACDN À EADS EM SEVILHA


No seguimento do amável convite feito pela ADALEDE, um grupo de cerca de vinte auditores da AACDN deslocou-se à Andaluzia para, nos arredores da velha cidade de Sevilha, visitar as modernas e importantes instalações da empresa aeroespacial “EADS”, vocacionada para a construção de aviões, helicópteros e veículos espaciais e que, de momento, está empenhada em manter-se como leader europeu não obstante a grande concorrência que tem encontrado por parte do gigante norte-americano “Boeing”.

Não obstante o imenso calor que se fazia sentir na capital da província espanhola, a visita desenrolou-se tendo tido a simpática companhia de um senhor general da Força Aérea de Espanha, auditor e sócio da ADALEDE, o que emprestou ao evento um significado muito especial pois o recente encontro no Porto de membros das duas associações ibéricas cimentou futuras realizações a vários níveis, assim haja vontade e disponibilidade dos futuros órgãos da nossa associação.

A EADS de Sevilha, o ramo civil da “Airbus” tem-se dedicado à construção de aviões de transporte, concretamente, o “CN-235”, o “C-295” (de que a FAP possui doze exemplares) e o famoso “A-400M”, que poderá ser o futuro avião de transporte estratégico/táctico de muitas forças aéreas do mundo, não obstante os constantes atrasos que se têm verificado na sua construção, o que fez disparar os preços para cerca de duzentos milhões de euros por cada aparelho. 

Esta empresa, que emprega pessoal de alta qualificação técnica, e oriundo de vários Estados europeus, dispõe de tecnologia de ponta e de instalações modelares que fazem de Espanha um importante núcleo da construção de aviões militares em todo o mundo.

Para lá da construção de aviões, a EADS dedica‐se, também, à modernização de aparelhos, uns destinados à Força Aérea espanhola e outros às formações aéreas de outros países, como acontece de momento com os “P-3B Orion” que o Brasil adquiriu aos EUA e que estão a ser transformados em Sevilha segundo os requisitos brasileiros.

Nota-se, como se disse anteriormente, uma grande preocupação com o programa “A‐400M” pois a sua não concretização ou a existência de mais atrasos levarão ao eventual cancelamento de encomendas ou mesmo ao desinteresse de clientes fora da área geográfica da Europa, o que aconteceu já com a África do Sul, Chile e Malásia. De momento, este espectacular avião de transporte, onde os auditores portugueses se deixaram fotografar, está encomendado pela Alemanha, Bélgica, França, Holanda, Itália, Luxemburgo e Reino Unido.

Portugal, que mostrou interesse, anos atrás, em adquirir três aparelhos, que poderiam substituir os “C-130H”, desistiu do negócio e perdeu, consequentemente, via OGMA, uma excelente oportunidade de modernizar a sua decadente indústria aeronáutica.

Após um briefing a que se seguiu uma cuidada visita aos vários pavilhões, sempre acompanhados por um alto responsável das EADS e do colega auditor espanhol, os auditores portugueses foram obsequiados com um excelente almoço que ajudou a recuperar as forças numa visita toda ela de grande interesse e significado estratégico.

Agora que os Estados da União Europeia apostam no desarmamento e em que os fundos dedicados à Defesa se mostram cada vez mais escassos, a visita às instalações da EADS em Sevilha serviu para um alerta: sem uma indústria de Defesa própria e que possa concorrer com os EUA, dificilmente a Europa poderá aspirar a ser autónoma na área crítica do desenvolvimento militar de ponta.

Que o futuro seja bem mais sorridente do que as muitas pistas apreendidas em Sevilha parecem, infelizmente, querer indiciar, são os nossos votos.

Cabe aos europeus responderem aos desafios com que se defrontam nesta década de tantas incertezas e de perigos escondidos.

Lisboa, 14 de Maio de 2012


Manuel Alves
Associado n.º 986/95

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